Copom tomou decisão desconectada da realidade, diz presidente da Acijs

A decisão do Conselho de Política Monetária (Copom) de elevar a taxa de juros básica em 0,75 ponto percentual e fixar a Selic ao patamar de 3,5% ao ano é controversa e não reflete o quadro de dificuldades de vários setores produtivos, de modo especial aqueles ligados a pequenos e médios negócios. Esta é a opinião do presidente da Associação Empresarial de Jaraguá do Sul (Acijs) e do Centro Empresarial de Jaraguá do Sul, Luis Hufenüssler Leigue,

“É uma decisão que parece desconectada da realidade vivida por diferentes segmentos produtivos, deixando transparecer que não há uma leitura macro do que ocorre no mercado e que falta uma visão clara e abrangente quanto aos componentes econômicos que influenciam as políticas de juros”, pondera Leigue, que segue a mesma linha crítica tomada por diversas entidades do setor produtivo à decisão tomada na reunião do Copom nestas terça e quarta-feira.

Leigue entende que o momento não é oportuno para uma elevação da taxa de juros ou para qualquer decisão que impacte a atividade econômica ou os agentes da cadeia produtiva. Salienta que preservar a produtividade contribui justamente para a mitigação do aumento da inflação, ainda que o governo justifique estar ocorrendo uma bolha da espiral inflacionária e que ela seja de efeito transitório.

“O Brasil ainda passa por período complexo quanto ao poder de compra da população, que permanece baixo, assim como o acesso para o empresariado a linhas de crédito favoráveis também se mostra incipiente para a realidade de vários setores. Isso preocupa porque no médio prazo há riscos de danos que podem se tornar irreversíveis, ou sem condições de recuperação em alguns segmentos”, contextualiza Leigue.

Mesmo que a elevação de juros possa representar uma medida que fomente o setor financeiro, de outro lado há crises importantes no fluxo de recursos especialmente para pequenas e médias empresas, que formam o grande volume de negócios no País e que sentem mais duramente o custo do crédito. “É o pequeno e médio empreendedor quem tem uma negociação mais balizada na dificuldade do que na facilidade”, observa.

O empresário completa salientando que o “cenário ainda se mostra desafiador e infelizmente o governo passa uma ideia de desconexão com a realidade que a maioria das empresas enfrenta. É preciso que se conheça melhor as regiões que produzem e não considerar um setor de maneira particular, mas buscando entender as dificuldades porque passam setores produtivos importantes em todo o Brasil”.

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