Pai denuncia hospital de Jaraguá do Sul por morte do filho

O pai de um menino de um ano e dois meses acusa um hospital de Jaraguá do Sul por um erro médico que ele acredita ter causado a morte do filho. A família do pequeno Benjamin Serenini, do bairro Tifa Martins, ainda não consegue lidar com o drama que estão vivendo.

Benjamin está internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do Hospital e Maternidade Jaraguá, enquanto a família aguarda a confirmação do diagnóstico de morte cerebral, conforme relata o pai, Edemar Serenini.

Segundo Edemar, o filho foi levado ao hospital para substituição de uma sonda, mas um erro no procedimento teria causado uma perfuração no pulmão da criança.

Nesta quarta-feira (23), Edemar registrou um boletim de ocorrência na Polícia Civil, que começou a investigar o caso.

Benjamin está internado desde o dia 7 de junho, mas era atendido frequentemente no hospital, porque depende da sonda nasogástrica – uma sonda introduzida pelo nariz que leva a alimentação para o estômago.

Tratamento

O menino nasceu com diversas malformações congênitas. Conforme atestado médico do pediatra, ele tem “Traqueomalácia, Glossoptose e sequência de Pierre Robin”.

Por conta dessas malformações, ele não consegue se alimentar e sofre de insuficiência respiratória. Benjamin já passou por cirurgias de traqueostomia e supraglotoplastia, além de longos períodos de internações hospitalares.

“O Benjamin não respirava pelo nariz e pela boca mais, só pela traqueostomia. Fechou a laringe dele”, conta Edemar.

Ele recebe tratamento no Hospital Infantil Joana de Gusmão, em Florianópolis. Mas em decorrência desta condição, frequentemente Benjamin precisava ir ao hospital em Jaraguá do Sul para substituição da sonda responsável por introduzir a alimentação no organismo dele.

“Não tinha como dar ‘mamá’ para ele, só por sonda. Então só levava no hospital de Jaraguá para colocar a sonda”, complementa.

Pulmão perfurado

Conforme Edemar, este procedimento, que era feito rotineiramente, às vezes até mais de uma vez por semana, saiu diferente do esperado no dia 6 de junho. Naquele dia, Benjamin retirou a sonda e foi levado por volta das 11h para o hospital, onde uma enfermeira introduziu uma nova, mas o pai relata ter percebido que alguma coisa estava errada.

Ele conta que após a introdução da sonda, percebeu que saiu sangue na boca de Benjamin e na sonda. O pai relata que questionou a enfermeira sobre o sangramento, mas ela teria dito que o médico confirmou que a sonda estava bem localizada, baseado no exame de raio-x.

“A enfermeira falou que o médico liberou, só que a guia da sonda não saía. Ela foi puxando, enrolou no dedo, puxou mais um pouco, até que conseguiu enrolar a guia na mão e ela puxou. Eu falei: ‘moça, está sangrando, não é melhor levar para o raio-x?’. Ela falou: “não, pai, pode levar embora que o médico falou que está certo a sonda’.”, relata o pai.

De acordo com Edemar, eles voltaram para casa, mas ao alimentar Benjamin por meio da sonda, ele estava se afogando. Às 4h do dia seguinte, já retornaram ao hospital, onde, segundo o pai, um novo raio-x mostrou que o pulmão estava perfurado. Ainda segundo o pai, após uma cirurgia que durou quatro horas, a criança foi para a UTI (Unidade de Terapia Intensiva).

O pai diz que, mesmo na UTI, o quadro do filho não melhorou. Edemar também reconhece o esforço da equipe médica para ajudar o filho quando voltaram ao hospital, mas lamenta a forma como as coisas aconteceram.

“Ninguém no hospital soube me explicar como isso aconteceu. Um erro, ou negligência? Hoje nós estamos passando por um drama. Isso foi uma fatalidade. Eu trouxe meu filho bom, vou levar embora num caixão”, lamenta.

Segundo Edemar, o hospital informou que precisa concluir o protocolo de diagnóstico de morte encefálica para declarar o óbito de Benjamin.

Manifestação do hospital

A unidade informou que atualmente a criança encontra-se em cuidados intensivos no Hospital.

O hospital não deu mais detalhes sobre o estado de saúde de Benjamin. “As questões relacionadas ao atendimento são referentes à saúde da criança e se encontram sob o manto do sigilo médico, razão pela qual o Hospital não irá se manifestar”, prossegue.

A administração reafirmou que “A criança está recebendo todos cuidados e atendimento adequado ao seu estado de saúde. A família tem sido informada sobre o tratamento realizado.”

Investigação

A Polícia Civil informou que, após o registro da ocorrência por parte de Edemar Serenini, o pai da criança, já iniciou a apuração do caso.

“De imediato já requisitei ao médico plantonista do IGP [Instituto Geral de Perícias] um exame de corpo de delito desta criança para fazer uma primeira análise”, informou o delegado Marcelo Schiebelbein, que registrou o fato inicialmente.

O caso está com a DPCAMI (Delegacia de Polícia de Proteção à Criança, ao Adolescente, à Mulher e ao Idoso). Um inquérito policial foi instaurado para apurar o que efetivamente houve e possíveis responsabilidades. Também devem ser ouvidos os profissionais envolvidos no atendimento de Benjamin no hospital.

Angústia interminável

Conforme Edemar, ele e a mãe de Benjamin, Josiane de França Oliveira, ainda sofrem com a angústia da demora na liberação do corpo do filho.

Segundo ele, o hospital aguarda o diagnóstico da morte encefálica por parte de um terceiro médico, que deve vir de Florianópolis neste sábado (26). Dois outros médicos já atestaram a morte. “Meu filho está lá morto”, lamenta Edemar.

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